Anônimo 2 (Estados Unidos, 2025)
Título Original: Nobody 2
Direção: Timo Tjahjanto
Roteiro: Derek Kolstad, Aaron Rabin
Elenco principal: Bob Odenkirk, Connie Nielsen, Christopher Lloyd, Sharon Stone, John Ortiz, Colin Hanks e RZA
Duração: 1h 29min
Distribuição: Universal Pictures
Anônimo 2 troca o tom mais sério e brutal de seu primeiro longa por um estilo mais cômico e leve, abraçando um pastiche de filme de ação para focar no entretenimento.
Vendo sua relação familiar deteriorando por conta do novo emprego, Hutch (Bob Odenkirk) decide tirar férias e planejar uma viagem em família para o parque aquático de sua infância. Ao chegar na pequena cidade onde o parque se encontra, entra em confronto com a polícia local, que tem ligações com a máfia.

O filme segue a estrutura e a estética de um longa genérico de orçamento médio, muito comum atualmente nos streamings; que preza mais por um trabalho operário, garantindo que o projeto esteja concluído para ser lançado, do que por uma lógica autoral. Dentro desse serviço mais automático, a escolha de contratar o diretor tailandês Timo Tjahjanto acaba sendo acertada. Vindo de uma carreira no gênero de horror e ação, com colaborações com Gareth Evans (The Raid) ou como parte da dupla The Mo Brothers, Tjahjanto teve seus últimos trabalhos produzidos ou distribuídos pela Netflix, que viu potencial em projetos de gênero com o grande crescimento do interesse por filmes de ação, pós John Wick.
Juntos, Netflix e Tjahjanto lançaram três filmes nos últimos anos, e essa familiaridade em trabalhar dentro da lógica mais comercial e burocrática provavelmente foi o motivo de ter entrado no radar dos grandes estúdios de Hollywood. Seu nome foi cotado para várias produções ainda em andamento, além de duas sequências de filmes de ação que fizeram sucesso recentemente: Beekeeper e Anônimo.
Seu último lançamento, Anônimo 2, não se destaca como um grande filme, mas tampouco parece ter essa pretensão. Trata-se mais de um filme, interessado em ser apenas bom o suficiente para lucrar com o sucesso de seu antecessor – e nesse sentido o diretor entrega exatamente o que se espera. Consegue até mesmo, dentro dessa lógica, se divertir com o processo ao não se levar tão a sério, focando na fisicalidade em cenas de ação, seu ponto forte, e um humor mais irônico sustentado pelo elenco de peso.
A mudança de tom, no entanto, pode desagradar quem prefira a violência crua do primeiro longa. Agora, a brutalidade é trocada por uma abordagem mais cômica, e a raiva que transparecia em suas imagens é deixada de lado por uma leveza menos agressiva, na mesma medida que os tons sombrios e acinzentados da cidade grande são trocados por cenários de cores vibrantes e iluminação mais clara.
Ainda assim, a fisicalidade da coreografia continua sendo seu maior trunfo e, mesmo perdendo certo extremismo, talvez funcione ainda melhor ao se assumir como um projeto despretensioso.
Essa mudança tonal é também destacada na escolha da pequena cidade onde o filme se passa, que se assume como um cenário de filme ao priorizar partes mais lúdicas como o parque aquático, o brinquedo de espelhos e o fliperama, locais escolhidos justamente para inverter a lógica realista do primeiro e transformar o projeto em um pequeno parque de diversões. Uma escolha que funciona em certa medida, na tentativa de criar um projeto que divirta e sirva de pausa das responsabilidades do dia a dia. E mesmo com a burocracia de um produto padronizado, consegue achar momentos criativos, graças ao seu diretor.