Crítica | Confinado

Confinado (EUA e Canadá, 2025)

Título Original: Locked
Direção: David Yarovesky
Roteiro: Michael Arlen Ross, Mariano Cohn e Gastón Duprat
Elenco principal: Bill Skarsgard, Anthony Hopkins, Ashley Cartwright, Michael Eklung, Navid Charkhi, Ricardo Pequenino, Gaston Morrison e Reese Alexander
Duração: 95 minutos
Distribuição brasileira: Vitrine Filmes

Confinado é mais uma refilmagem estadunidense de um filme internacional que fez sucesso nos últimos anos, com base em uma produção argentina de 2019 chamada 4×4. Uma curiosidade é que não foram só os Estados Unidos vendo potencial nessa história, com a Índia e o Brasil, tendo suas próprias versões que lançaram em 2022. E agora 2025 lança a nova versão dessa narrativa de polarização política, em meio ao retorno trumpista dos Estados Unidos.

A história segue Eddie, um pai negligente que está endividado com seu mecânico. Para conseguir o dinheiro e pagar suas dívidas, tenta assaltar um carro de luxo vazio que está parado em um estacionamento. Ao entrar no carro, as portas trancam sozinhas e ele se vê preso dentro do automóvel, com alguém o observando por câmeras escondidas. Descobrimos que o dono do carro o colocou como isca para prender e torturar quem entrasse em seu veículo com más intenções, caindo em uma fantasia punitivista de extrema direita do vilão.

Uma premissa simples e minimalista serve de trampolim para as discussões morais e políticas do filme, que acabam sendo seu principal foco: um embate sobre a polarização do estado político. E partindo desse ponto, temos as conversas acaloradas entre o dono do carro, médico rico conservador, e o protagonista vítima da sociedade, falando sobre injustiças sociais. Com o desenrolar do filme, sua temática e diálogos embativos (filmados em campo contra-campo com o protagonista de um lado e o navegador de bordo ocupando o outro espaço) se tornam excessivos, ao ponto de obviedade. Um filme que tenta se desenrolar inteiro por uma temática que, mesmo relevante e atual, nos é dada mastigada e já resolvida. Não há dúvida de quem é o vilão e quem é a vítima, não existe um jogo moral complexo, só uma polarização artificial para tentar representar o contexto histórico, mas que só serve para reforçar a ideia do próprio público. Sua narrativa e jogo de suspense são deixados de lado para um filme propaganda, onde a própria linguagem e forma é ignorada para destacar grandes monólogos políticos que permeiam o filme inteiro e são feitos por uma voz em off.

Mesmo partindo de uma premissa minimalista, acaba sendo tão inchado como qualquer outro filme de Hollywood atual, com a criatividade de se filmar em um ambiente pequeno e claustrofóbico se esgotando rapidamente e seguindo com filmagens protocolares de diálogo que poderiam estar ocorrendo em qualquer outro ambiente. Seu suspense e entrega de informações são exclusivos de closes no navegador de bordo do carro e da voz em off que sai dele, um plano que é reutilizado várias vezes durante o filme. Segue uma estrutura cheia de clichês, se entregando a um grande clímax de filme de ação, abandonando por completo qualquer ideia interessante que poderia vir justamente da proposta reduzida e simples que prometia no início. O que ameniza um pouco a experiência de assisti-lo é a atuação de Bill Skarsgard, que abraça por completo o homem torturado.

Ao final, acaba não conseguindo desenvolver sua premissa de uma forma que a justifique, seja pela temática forçada ou por não saber como criar suspense a partir de seu minimalismo, apelando para clichês convencionais de produções estadunidenses.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima