Crítica | Five Nights at Freddy’s 2

Five Nights at Freddy’s 2 (Estados Unidos, 2025)​

Título Original: Five Nights at Freddy’s 2​
Direção: Emma Tammi​
Roteiro: Scott Cawthon​
Elenco principal: Josh Hutcherson, Elizabeth Lail, Piper Rubio, Matthew Lillard, Freddy Carter, Wayne Knight, Mckenna Grace e David Andrew Calvillo
Duração: 1h 44min​ (104 min)
Distribuição: Universal Pictures

Um jogo extremamente simples: você é contratado para fazer a segurança de uma lanchonete com animatrônicos, só que durante a noite eles ganham vida e tentam te matar. Com mecânicas igualmente simples, de olhar câmeras, abrir e fechar portas, consumir energia, parece até difícil acreditar que este é um jogo realmente assustador. Até que um Freddy Fazbear pula na sua tela, e o susto é tamanho que você entende a diversão, apesar da simplicidade. O segredo está nos detalhes: os ruídos que ouvimos nos ambientes, a pressão do tempo, o design simples e eficiente dos personagens, a proximidade do ambiente com um espaço possivelmente real. Só que ao mesmo tempo que foi a simplicidade que começou o jogo, ela foi se perdendo ao longo do desenvolvimento de toda uma franquia. Com mais de 10 jogos no catálogo, ao mesmo tempo em que essa história ganhou um detalhamento incrível, ela também ganhou uma horda de fãs interessados em todos os pormenores dos acidentes que ocorreram com os animatrônicos.

Como é o passo para grande parte das propriedades intelectuais, o destino seria começar também uma série de filmes. Apesar da inspiração nunca admitida de Willy’s Wonderland na franquia, em 2023 foi lançado o primeiro longa-metragem oficial de Five Nights at Freddy’s. Com críticas bastante negativas de especialistas, mas com o apoio do público, o longa se tornou a obra de maior arrecadação de bilheterias da Blumhouse – comprovando a sinergia entre games e cinema que vimos acontecer novamente com Minecraft – O Filme (2025). E, como acontece com todo sucesso comercial baseado em uma propriedade intelectual longeva, em 2025 somos apresentados a Five Nights at Freddy’s 2

A primeira cena do filme é bastante promissora. Temos personagens novos em um flashback em uma pizzaria da rede, com uma menina particularmente focada em um animatrônico novo, a Marionette. Se desenrola uma cena de terror adequada para a classificação indicativa de 14 anos e com um final de impacto visual bastante impressionante. Logo após os créditos iniciais, começa a narrativa que seguiremos nas telas, com uma mistura entre os acontecimentos desse prefácio e uma continuação do primeiro filme. Abby (Piper Rubio) sente muita falta de seus amigos animatrônicos, e na sua busca por eles ela acaba encontrando um mal ainda maior.

Se a prerrogativa parece genérica, infelizmente todo o longa-metragem segue no mesmo caminho. Entre sustos premeditados e um roteiro que faz muito pouco sentido, talvez o filme realmente só agrade quem é fã irredutível da franquia e aceite o que é oferecido como easter egg. Tudo o que é apresentado de interessante naqueles primeiros minutos acaba se perdendo no roteiro circular, que dá voltas em torno do mesmo assunto e acaba não resolvendo nenhuma das questões propostas. Os personagens, que já eram insossos no primeiro filme, aqui também não conseguem ter nenhum desenvolvimento.

Soma-se a isso uma edição que não consegue criar momentos de ênfase na narrativa. Ao invés de termos algo ritmado, com momentos de maior tensão se complementando com outros no qual descobrimos mais sobre a história, aqui tudo parece ter o mesmo peso. Drama, comédia e susto são atuados e mostrados na mesma intensidade, e o resultado é desastroso para quem tenta acompanhar. Por outro lado, justamente pelo histórico de todos os jogos, a direção de arte do filme segue como seu ponto mais alto, com os personagens animatrônicos ficando exatamente no ponto entre assustadores e fofos. Mesmo os elementos mais simples, como a decoração dos ambientes e o figurino dos personagens fazem sentido e ajudam a contar a história quando nem mesmo o roteiro sabe muito bem por onde seguir.


Igualmente desastroso, é possível que o filme ainda se torne um sucesso de público, ainda que não tenha nem a violência e sangue suficientes para um dia se tornar um clássico trash. Mas, como o sistema funciona na base de lucro e esse é quase garantido, podemos esperar muitas sequências para essa história.

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