Lilo & Stitch (EUA, 2025)
Título Original: Lilo & Stitch
Direção: Dean Fleischer Camp
Roteiro: Chris Kekaniokalani Bright, Mike Van Waes e Dean DeBlois
Elenco principal: Maia Kealoha, Sydney Agudong, Tia Carrere, Billy Magnussen, Courtney B. Vance, Chris Sanders, Zach Galifianakis e Kaipo Dudoit
Duração: 108 minutos
Distribuição brasileira: Disney
O Sol Não Basta
A nova leva de remakes live-action da Disney parece seguir uma lógica cruel: a cada lançamento, um novo patamar de desgaste criativo é alcançado. Lilo & Stitch não escapa dessa sina, embora, curiosamente, consiga evitar ser o pior exemplar recente — mérito menos por acertos próprios e mais por limitações já vistas como padrão nesse tipo de produção. O que se nota é um filme que carrega o mesmo vício de origem de seus antecessores: a reprodução sem alma, fruto de um modelo industrial que se tornou preguiçoso justamente à medida que consolidava seu domínio sobre as salas de exibição no século XXI.

Visualmente, Lilo & Stitch até oferece algum frescor. Há algo na sua paleta de cores — quente, solar, com ares de filme infanto-juvenil dos anos 2000 — que destoa da estética monocromática e dessaturada do blockbuster contemporâneo. O Havaí é filmado com certa dignidade, revelando um ambiente mais próximo de um comercial televisivo do que de um épico cinematográfico, mas ao menos é visível, legível, e minimamente agradável.
Porém, não se deixe enganar pela aparência vibrante: esse brilho todo esconde uma montagem claudicante, que denuncia um processo de edição atribulado, provavelmente guiado por testes de audiência e decisões corporativas. A estrutura narrativa é truncada, costurada às pressas, resultando em um ritmo artificial, onde as cenas não fluem organicamente e os personagens mal conseguem respirar entre um corte e outro. A direção, por sua vez, falha em compor quadros com clareza ou fluidez, tropeçando especialmente nas sequências mais agitadas, que soam desajeitadas e mal coreografadas.
O sentimentalismo — que no original de 2002 era delicado, cotidiano e profundamente humano — aqui dá lugar a uma emoção automatizada, construída a partir de diálogos expositivos e situações forçadas. A complexidade emocional de Lilo, marcada por seu isolamento e personalidade excêntrica, é reduzida a traços genéricos, sem o peso necessário para gerar empatia real. Em vez de desenvolver os conflitos com atenção e sensibilidade, o filme opta por um dramalhão raso, embalado por uma trilha sonora funcional e fórmulas prontas de comoção.
O que resta é uma produção que, apesar de carismática na superfície — muito por conta da fofura inegável da dupla central —, se perde em seu próprio cinismo. A tentativa de emular a magia do original sem se comprometer com sua essência resulta em um filme que parece mais um produto do Disney Channel com orçamento de estúdio, só que mais polido, mais cínico, e paradoxalmente menos corajoso.
No fim, Lilo & Stitch (2025) é a prova de que nem o sol do Havaí consegue iluminar uma produção que se recusa a sair da sombra de um passado mais inspirado.