Crítica | Natal Sangrento

Natal Sangrento (Estados Unidos, 2025)​

Título Original: Silent Night, Deadly Night​
Direção: Mike P. Nelson​
Roteiro: Mike P. Nelson​
Elenco principal: David Tomlinson, Rohan Campbell, Ruby Modine, Sharon Bajer, Mark Acheson e David Lawrence Brown​
Duração: 1h 35min​
Distribuição: Diamond Films

Ainda que seja uma prática bastante comum no mercado cinematográfico, há poucos remakes que justifiquem a sua existência, ainda mais quando já houve uma tentativa de retomar essa propriedade intelectual em 2012. Mesmo assim, essas retomadas seguem sendo frequentes até em grandes estúdios, como foi o caso da Disney/Marvel com Quarteto Fantástico, que recebeu mais uma chance em 2025. Não seria diferente com filmes e empresas menores, e assim surge neste ano mais uma versão de Natal Sangrento. E se essa pode ser uma época de muita felicidade para alguns, a história do cinema de gênero com os feriados natalinos é longeva e já teve ótimos frutos que vão de Gremlins a Krampus.

Sob a direção e roteiro de Mike P. Nelson, seguimos um novo Billy Chapman (Rohan Campbell) igualmente perturbado. Ele também acompanha o assassinato dos pais na infância por um homem vestido de Papai Noel, mas novas camadas narrativas são colocadas até no flashback. Seguimos então para a sua vida como um jovem adulto perturbado por vozes, e que está em uma onda de assassinatos até a chegada do Natal, e os acontecimentos após a sua chegada na cidade de Hackett, no Wisconsin. Lá, ele acaba conseguindo um emprego em uma loja de objetos natalinos, e conhece algumas pessoas que acabam mudando a sua vida.

Desde o primeiro momento é perceptível que o filme teve muito cuidado em honrar o material original. Seja através da cena inicial mostrando o assassinato dos pais, com o figurino de Noel escolhido ou até com a tela de créditos iniciais da obra, é bem claro que o diretor sabe que está pisando em um território delicado, e deixa claro que apesar das mudanças realizadas, existe uma relação de respeito e homenagem ao filme de 1984. Ele atualiza diversos temas até em relação ao que as pessoas de 2025 acham mais apavorante, como a mudança de um slasher mais tradicional para a história de um matador serial. Mesmo a mudança dele trabalhar em uma loja de brinquedos sendo transformada em uma loja natalina geram essa discreta homenagem.

Só que ele faz uma mudança bastante estrutural ao colocar um certo romance entre Billy e Pam (Ruby Modine) no centro de toda essa trama de assassinatos e sangue. Como uma espécie de contrapartida de todas as matanças que acontecem, o longa decide criar esses momentos de alívio que conseguem combinar bem um humor ácido com a quebra de expectativas. Algo que ele também traz de interessante é o fato do assassino só buscar aquelas pessoas que foram realmente “malvadas” ao longo do ano, com algumas surpresas interessantes não só para essa narrativa de cidade pequena que esconde os seus segredos quanto para o ritmo do filme em si. E esta pequena cidade também acaba se tornando uma personagem, abandonando toda a pauta da Igreja Católica que é colocada no filme original.

Ainda que ele use e abuse das mortes sangrentas, isso ainda é realizado com um tom de diversão. 

Sem se levar extremamente a sério, é justamente esse o seu maior trunfo perante a uma série de outros filmes que trazem uma carga muito mais sombria à data de celebração cristã. Sem um orçamento gigante, todos os seus setores parecem bons o suficiente para realizar aquelas tarefas, mas não há espaço para muitas experimentações ou estilizações. Sua marca autoral fica realmente na mudança de narrativa que é proposta e que traz esse frescor a um clássico natalino quase esquecido. Não há grandes problemas de ritmo, edição, fotografia ou direção de arte, mas todos os setores parecem apenas adequados, e nunca criativos.

Mesmo não tendo o potencial de ser o filme de terror preferido de alguém este ano, a obra consegue divertir, criar algumas críticas leves e até dar alguns sustos, mesmo que o seu roteiro crie algumas circularidades desnecessárias. Um bom susto e um pouco de sangue não devem ser negados a ninguém, e felizmente neste quesito, o filme tem o suficiente para entreter.

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