Crítica | Operação Natal

Operação Natal (EUA, 2024)

Título Original: Red One

Direção: Jake Kasdan

Roteiro: Chris Morgan e Hiram Garcia

Elenco principal: Dwayne Johnson, Chris Evans, Lucy Liu, J.K. Simmons, Bonnie Hunt, Kristofer Hivju, Kiernan Shipka, Mary Elizabeth Ellis e Nick Kroll

Duração: 123 minutos

Distribuição brasileira: Warner Bros.

Em 1843 era publicado pela primeira vez A Christmas Carol, livro de Charles Dickens que se tornou uma referência para as histórias natalinas que viriam em seguida. Mesmo uma pessoa que não tenha lido a obra original com certeza sabe a sua estrutura básica: um homem avarento que é visitado na véspera de Natal por três espíritos que o ajudam a enxergar seu passado, presente e futuro e o convencem a mudar de vida para ser mais generoso. E isso acontece porque essa história já foi adaptada uma infinidade de vezes, indo desde o Tio Patinhas até um especial de Doctor Who.

Imagem

Mesmo não seguindo exatamente a estrutura do livro, Operação Natal é mais uma das obras que vem dessa tradição de histórias natalinas sobre mudanças de vida. Temos Jack O’Malley (Chris Evans) como um protagonista autocentrado, hacker que rouba informações e as vende para quem pagar mais e que, sem querer, acaba se envolvendo em um crime extraordinário: o sequestro de Nick (J.K. Simmons), também conhecido como Papai Noel. Então, junto ao agente especial Callum Drift (Dwayne Johnson), que está se aposentando por não acreditar mais no espírito natalino, ele parte em uma missão em busca do senhor Noel.

Ainda que qualquer semelhança não seja mera coincidência, o longa-metragem na verdade se insere nessa longa tradição de adaptações que trata da manutenção de um espírito natalino, mas dando uma roupagem atualizada para isso. Se não fica clara qual é essa roupagem pela escalação de elenco, o trailer já deixa bastante explícito: trata-se de um filme de ação, cheio de perseguições e lutas. No entanto, para permanecer acessível para toda a família, ele escolhe manter todas as lutas sem sangue e com o mínimo de violência explícita o possível.

Aproveita-se muito do espírito dos tempos atuais e a popularidade de filmes de herois para recriar um conto clássico com essa roupagem. Toda a estética dos anos 2020 está impressa na obra, dessa escolha até o uso da rainha do Natal Mariah Carey como plano de fundo musical para grande parte das sequências. Há até um elemento de adição de outras figuras folclóricas, como Krampus e Grýla, remetendo também ao movimento de universos cinematográficos popularizados pelos grandes estúdios inspirados em quadrinhos.

Ainda que cumpra a sua função como adaptação, o maior problema que o filme encontra é o quão genérico ele é, não conseguindo trazer a emoção esperada de um filme sobre a união natalina. Tudo o que vemos em tela parece uma cópia pouco alterada de algum elemento de outras obras, dos ângulos de câmera emprestados de quaisquer outras obras de ação ao figurino pouco elaborado de todos os personagens. Ao invés de utilizar esses elementos para brincar com eles ou subvertê-los, a obra fica presa a eles e não consegue avançar para uma discussão mais profunda.

Mesmo com cenas divertidas que mostram, por exemplo, como as entregas de Natal são realizadas, ou o voo das renas, é muito difícil se conectar com os seus personagens humanos, cujas falas não trazem nenhuma profundidade. Entendemos desde o primeiro minuto qual será o arco a ser realizado, e em nenhum momento somos surpreendidos por alguma decisão diferente da esperada. O personagem mais interessante apresentado, Nick, uma versão de Papai Noel absolutamente crente na humanidade e encantadora, infelizmente é sequestrado e permanece ausente na maior parte da narrativa.

Assim, mesmo que ele tenha elementos para trazer o público para assisti-lo uma primeira vez, ele infelizmente não consegue sobreviver ao teste do tempo. Em poucos anos, ele se tornará algo datado e não entrará na longa lista de contos natalinos que permanece atual mesmo com o passar de mais de um século.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima