Crítica | Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, 2007)
Título Original: Fantastic Four: Rise of the Silver Surfer
Direção: Tim Story
Roteiro: Don Payne, Mark Frost e John Turman(Baseado nos personagens de Stan Lee e Jack Kirby)
Elenco principal: Ioan Gruffudd, Jessica Alba, Chris Evans, Michael Chiklis, Julian McMahon, Doug Jones, Laurence Fishburne, Kerry Washington e Andre Braugher
Duração: 92 minutos

É curioso notar como Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado parece ter plena consciência do que faz bem, que é a interação entre seus personagens centrais, e ao mesmo tempo não encontra um caminho para elevar isso a um patamar narrativo mais instigante. Se no primeiro filme havia uma sensação de descoberta e de apresentação desses heróis para o público, aqui, o diretor Tim Story aposta numa escala maior e em conflitos mais globais, mas acaba entregando uma aventura que soa tão genérica quanto apressada.

Existe um esforço legítimo de intensificar a relação entre os membros da equipe, sobretudo ao dar maior protagonismo para os irmãos Storm, especialmente o Tocha Humana, que ganha um arco de amadurecimento que se destaca. Ainda assim, tal escolha cobra seu preço: Ben Grimm, que no filme anterior surgia quase como o coração do grupo, é reduzido a momentos cômicos que não têm o mesmo peso dramático. Há um entendimento de que o carisma do elenco é o grande trunfo, e de fato continua sendo, mas sem um roteiro que sustente esses personagens além das piadas, tudo permanece na superfície.

Essa sensação se intensifica quando olhamos para os antagonistas. Não é uma questão de fidelidade ao material de origem: o problema central não é Galactus ser representado como uma nuvem, mas sim o fato de sua ameaça jamais ser realmente sentida. O mesmo vale para Victor Von Doom, que até retorna com novos recursos narrativos, evocando toda a mitologia de Latvéria e até roubando os poderes do Surfista Prateado, mas continua sem oferecer risco real, sem provocar medo ou tensão. O vilão existe mais como peça de roteiro do que como presença dramática.

Se por um lado o longa parece reconhecer que precisava de mais ação, criando cenas maiores e mais frequentes do que no original, por outro, essas sequências carecem de impacto. A direção de Story está mais preocupada em resolver os conflitos de forma rápida do que em explorar suas consequências ou potencial dramático. O senso de urgência que deveria mover toda essa grande ameaça cósmica é quase inexistente, substituído por soluções fáceis e momentos de humor que, embora divertidos, diluem o peso da trama.

Ainda assim, há um charme inegável na maneira como o filme explora os poderes do grupo em situações cotidianas: Sue Storm usando invisibilidade para esconder uma espinha, o Senhor Fantástico na despedida de solteiro, ou o Coisa lidando com desconfortos banais. São momentos que humanizam os personagens, mesmo quando a história ao redor falha em oferecer algo à altura.

No fim, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado acaba repetindo as qualidades e defeitos do original. Ganha em escala e variedade de locações, mas toda tentativa de elevar os riscos narrativos soa burocrática. Há divertimento, há carisma, e há até a intenção de evolução, mas falta profundidade para que esses elementos se transformem em algo realmente memorável. O resultado diverte, mas não fascina.

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