Crítica | Resgate Implacável

Resgate Implacável (Reino Unido e EUA, 2025)

Título Original: A Working Man
Direção: David Ayer
Roteiro: Sylvester Stallone, David Ayer baseados na obra de Chuck Dixon
Elenco principal: Jason Statham, Jason Flemyng, Merab Ninidze, Maximilian Oisinki, Cokey Falkow, Michael Peña, David Harbour e Arianna Rivas
Duração: 116 minutos
Distribuição brasileira: Warner Bros

Estamos adentrando a era do Jason Statham-verso? Com os lançamentos de Beekeeper: Rede de Vingança (2024) e agora Resgate Implacável, parece que estamos entrando em um novo sub nicho cinematográfico: filmes nos quais Jason Statham atua em uma profissão mundana, mas na verdade tem um histórico impecável em forças especiais e acaba saindo da aposentadoria quando algum crime ocorre com as pessoas que ele conhece e/ou ama.

O fator surpresa funciona melhor no primeiro filme, dado que, seja por conta do trailer ou da semelhança de linha narrativa, desta segunda vez ficamos menos impressionados com os acontecimentos. Ao invés de simplesmente rir de alguma piada com os estereótipos de filmes de ação, acabamos esperando que alguns deles sejam quebrados. E podemos continuar esperando, pois essa gratificação nunca acontece.

É curioso que agora tenhamos um roteiro escrito por Sylvester Stallone e David Ayer inspirados em uma série de livros, o que indica que, dependendo dos números que a obra fizer em bilheteria, ela tenha o potencial de onze continuações. E, apesar da trama ser simples o suficiente para que se compreendam os acontecimentos, temos a sensação de que sempre estamos com uma falta de informação em relação ao que está em tela. Por exemplo, passamos a obra inteira tentando compreender a sua primeira imagem: uma bandeira do Reino Unido sendo rasgada e mostrando uma bandeira dos EUA por baixo. Em algum momento, a informação de que ele esteve no exército britânico aparece, mas mesmo assim falta o conhecimento do personagem para compreender qual a sua relação em estar entre os dois países.

E, como acontece com frequência em filmes de ação, as informações sobre a trama são passadas através de diálogos bastante expositivos. Isso é perdoável quando pensamos em cenários impossíveis como os da franquia Megatubarão, mas aqui, quando se simula uma proximidade à realidade, há maior estranhamento. O mesmo acontece com as habilidades de Statham e da garota cujo sequestro o tira da aposentadoria, Jenny (Arianna Rivas), que parecem aparecer quando é necessário para avançar a trama, mas sumir novamente assim que não se fazem mais necessárias em prol do roteiro. Como o subtexto da obra é o drama de um pai que quer estar presente para a filha, essa inconstância confusa na verdade funciona contra o próprio personagem.

Há ainda erros muito básicos na continuidade de cenas e de cenas de luta dirigidas de maneira que não se compreende o que está acontecendo – algo que seria essencial para um filme de ação. Considerando o tamanho da produção e o foco dado para as imagens, coisas que poderiam passar batidas como um nariz que quebra e desquebra entre cenas acabam sendo potencializadas.

Ainda assim, o filme funciona dentro dessa proposta de apresentar um novo personagem de ação com seu enredo específico, valores morais claros e uma história pregressa que deixa os espectadores curiosos. Não sei se realmente queremos ou precisamos de uma nova frequência de filmes de ação, mas é isso que ganhamos, e pelo menos conseguimos assistir algumas boas sequências de luta com elevada adrenalina.

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