Novocaine – À Prova de Dor (EUA, 2025)
Título Original: Novocaine
Direção: Dan Berk e Robert Olsen
Roteiro: Lars Jacobson
Elenco principal: Jack Quaid, Amber Midthunder, Ray Nicholson, Jacob Batalon, Betty Gabriel, Matt Walsh, Conrad Kemp, Evan Hengst e Craig Jackson
Duração: 110 minutos
Distribuição brasileira: Paramount Pictures
Novocaine – À Prova de Dor entra na lista de filmes cujo marketing atrapalha a própria obra. Assistir ao filme sem ter lido muito sobre ele – especialmente a sinopse oficial, que já entrega completamente a virada inicial do roteiro, faz com que parte da emoção se perca. Ainda assim, a obra que parece ter sido escrita a partir de um pensamento sobre a Classificação Internacional de Doenças (CID) é uma escolha divertida para quem não tem medo de cenas um tanto grotescas.

Começamos a obra com a sensação de estarmos em um filme de comédia romântica moderna, tratando da busca de um homem de trinta anos e com uma doença estranha que o faz não sentir nenhum tipo de dor. Percebemos seu interesse por uma colega de trabalho, e quando eles começam a sair, percebemos o clique imediato entre eles. Aqui, entendemos que a obra poderia seguir por qualquer caminho, mas ela o faz pelo menos esperado. Como a própria sinopse entrega, o filme logo se torna uma obra de ação, com essa colega, Sherry (Amber Midthunder) sendo sequestrada em um assalto e o nosso heroi, Nate (Jack Quaid), indo atrás dos criminosos para tentar garantir a relação com a mulher de sua vida.
Com essa mudança totalmente inesperada, percebemos o quanto o roteirista e a dupla de diretores se divertiram com a possibilidade de uma obra que tratasse todos os extremos da aflição que uma pessoa é capaz de sentir. Com esse personagem incapaz de sentir dor, eles puderam simplesmente abusar de todos os efeitos especiais para criar um filme altamente apelativo visualmente para qualquer pessoa que tenha algum pingo de sadismo dentro de si. A qualidade dos efeitos visuais e a criatividade em criar cenas surpreendentemente aflitivas são o seu maior diferencial, com a incerteza completa sobre qual será o próximo passo do roteiro.
O filme funciona na maior parte do tempo porque ele tem a capacidade de criar personagens pelos quais o público consegue sentir alguma empatia. Utilizando o recurso dos primeiros encontros para passar toda a parte explicativa da doença e de como os dois personagens se identificam um com o outro. Isso torna fácil torcer pelo seu relacionamento, e quando ocorre o sequestro, compramos a ideia inicial por entendermos o quão pouco o protagonista tem a perder se expondo ao risco. Então, quando a parte realmente trash da obra se inicia, já existe o envolvimento necessário para que se queira acompanhar a narrativa para entender até onde ela vai.
Ainda assim, o formato com diversas reviravoltas se torna cansativo com o tempo. Com a repetição da mesma fórmula, chega um momento em que ela se torna excessiva, e passamos a querer apenas que o filme acabe. Os diversos erros na montagem e na continuidade também ajudam com a sensação de que a obra foi mais pensada como uma espécie de piada do que levada muito a sério.
Com isso, temos o resultado de um filme com muitos potenciais criativos, alguma ousadia no modo de contar uma história, mas que se perde ao tentar criar cenas cada vez mais surpreendentes. Ele diverte e traz ao século 21 o que se chamava de filme de besteirol – mas definitivamente não acrescenta muito na arte cinematográfica.