Crítica | TIFF | The Life of Chuck

The Life of Chuck (EUA, 2024)

Título Original: The Life of Chuck

Direção: Mike Flanagan

Roteiro: Mike Flanagan inspirado na novela de Stephen King

Elenco principal: Karen Gillan, Mark Hamill, Tom Hiddleston, Kate Siegel, Lauren LaVera, Molly C. Quinn, Matthew Lillard e Jacob Tremblay

Duração: 110 minutos

“Charles Krantz. 39 ótimos anos! Obrigada, Chuck!” (tradução livre). Essa é a mensagem que aparece nos três atos do longa-metragem dirigido por Mike Flanagan, mais conhecido pelas suas experiências no terror como A Maldição da Residência Hill (2018) e Doutor Sono (2019). Assim, inspirado pela versatilidade do mestre do horror Stephen King, Flanagan deseja demonstrar suas múltiplas habilidades em um gênero que mistura ficção científica, drama e comédia para nos trazer uma mensagem inspiradora sobre a vida.

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Novamente estamos nos deparando com um filme em que seria preferível chegar à sessão sabendo o menos o possível sobre a trama, algo bastante difícil em tempos de trailers reveladores e spoilers na internet. Temos alguns momentos da vida de um homem especialmente comum sendo colocados em tela para compreendermos como cada história pessoal é particularmente interessante e contém um universo de possibilidades únicas que levam a um final inevitável. Com essa maneira pouco reveladora de explicar a trama, já é possível perceber que não estamos lidando com um filme que trará um forte horror cósmico, mas sim uma reflexão sobre a nossa existência.

Ainda que não tenha presenças fantasmagóricas, o filme parece orbitar em um universo muito semelhante às séries de Flanagan para a Netflix, onde diversos elementos precisam entrar em sintonia para criar um resultado final tão previsível quanto inesperado, dando uma piscadela ao espectador mais atento. Nesse sentido, a obra funciona muito bem, dando todas as dicas necessárias para se chegar à sua conclusão sem necessariamente estragar a experiência de quem assiste pela primeira vez.

Somos apresentados a uma história de três atos iniciando pelo ato final, no qual um professor e sua ex-esposa estão tentando compreender, em meio a um mundo que está entrando em colapso, quem é o Chuck mencionado em cartazes pela cidade com a fatídica frase “Charles Krantz. 39 ótimos anos! Obrigada, Chuck!”. Depois, partimos para um segundo ato charmoso no qual se narra um evento específico no qual um homem e uma mulher fazem uma bela apresentação de dança espontânea liderados por uma baterista tocando por gorjetas. E, por fim, temos o terceiro ato que conta a história de um menino que é criado pelos avós, sendo seu avô aterrorizado por algo existente em seu sótão. É apenas no último ato que todos os elementos apresentados fazem sentido, mas infelizmente quando todos os elementos são alinhados, o efeito é decepcionante.

Isso acontece porque os dois primeiros atos são tão mais interessantes quando compreendidos como um mistério que a resolução de tudo através de uma chave de compreensão acaba na verdade retirando camadas de sentido que a obra se preocupou em criar anteriormente. O caminho que leva ao clímax é mais interessante do que o clímax em si, o que é um problema para os espectadores. Após resolver a sensação de que o mistério do filme está resolvido, resta pouco espaço para refletir sobre ele após sair da sala de cinema.

Ainda assim, é necessário relembrar que o longa-metragem faz brincadeiras visuais com os gêneros cinematográficos a todo momento e acaba sendo quase uma elegia ao audiovisual. Toda a sua técnica é apurada, com atuações igualmente boas e que formam um longa-metragem divertido de assistir e que funciona bem com o público. Mas, infelizmente, seu impacto é limitado à sua duração.

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