Especial | 13ª Mostra Tiradentes em SP | Prédio Vazio

Prédio Vazio (Brasil, 2025)

Título Original: Prédio Vazio
Direção: Rodrigo Aragão
Roteiro: Rodrigo Aragão
Elenco principal: Gilda Nomacce, Rejane Arruda, Lorena Corrêa, Caio Macedo, Telma Lopes, Walter Filho e Leonardo Magalhães
Duração: 80 minutos
Distribuição brasileira: Fábulas Filmes

Já nos primeiros minutos de Prédio Vazio compreendemos que existe algo de errado com o prédio Magdalena, localizado em frente à praia em Guarapari, Espírito Santo. Começamos o longa-metragem conhecendo a história de um casal que morava no prédio, literalmente até que a morte os separou. Então, somos apresentados à cidade litorânea de Guarapari através de uma propaganda antiga que destaca seu grande carnaval e suas areias monazíticas, com supostas qualidades terapêuticas.

Só nesse momento somos apresentados ao ponto principal da narrativa: uma mãe que vai passar o carnaval nessa praia com seu namorado, e sua filha que tem um pesadelo com ela e decide ir buscá-la, tomada pela sensação de que algo ruim acontecerá no prédio. Seguimos então com a narrativa sanguinolenta que trata, no subtexto, do amor e o elo entre mãe e filha.

Para quem desconhece o cinema de Rodrigo Aragão, mesmo os primeiros momentos podem causar algum choque. Entre sua vasta experiência com efeitos especiais que o levam ao uso de muitos efeitos práticos e sua grande estilização da imagem, o filme pode ser um pouco complexo para quem está acostumado com o cinema realista. Mas, novamente, o diretor consegue trazer o camp para o cinema de gênero e, ao mesmo tempo em que brinca com suas convenções, também cria novas imagens muito interessantes para os espectadores.

Como já falado, este é um filme que funciona em uma chave de alta estilização e pouco contato com realismo. Rios de sangue, luzes que reagem ao universo interno dos personagens e personalidades que funcionam como uma paródia dos estereótipos do cinema de horror. Com tamanha estilização, fica claro o estilo do diretor, mas ao mesmo tempo se percebe seu talento para contar suas histórias únicas.

Há atuações bastante exageradas, mas que conversam perfeitamente com o tom do filme, sem parecer estranhas à lógica interna da obra. Mesmo assim, é necessário ressaltar o papel de Gilda Nomacce, que já está acostumada à chave do terror mas que entrega uma performance digna de causar arrepios ao fechar de olhos à noite. Seu papel assusta tanto quando está em uma chave mais normal quanto quando está totalmente exagerado. É estranho que, entre todas as criaturas pavorosas imaginadas por Aragão, ela ainda seja a mais perturbadora.

Brincando com as normas do gênero, assustando na medida certa e colaborando na criação de um estilo de horror tropical, onde o que é terrível pode acontecer em qualquer lugar, o filme facilmente encanta o espectador e o leva para seu universo imaginário assustador. Entre cenas de comédia e de horror, ele consegue ainda passar uma mensagem de amor. Mas, em relação à cidade de Guarapari, ele infelizmente cria uma nova lenda urbana aterrorizante, me fazendo querer passar longe do famoso carnaval de Guarapari.

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