Vampiros Zumbis… Do Espaço! (Canadá, 2024)
Título Original: Vampire Zombies… From Space!
Direção: Michael Stasko
Roteiro: Jakob Skrzypa, Alex Forman e Michael Stasko
Elenco principal: Lloyd Kaufman, Michael C. Gwynne, Judith O’Dea, Simon Reynolds, Gavin Michael Booth, David Liebe Hart, Andrew Bee e Shane Nelson
Duração: 98 minutos
Como todas as outras mídias, o cinema é uma arte bastante autorreferente. Isso normalmente acontece de duas formas, ou com o uso de referências claras da obra de outros diretores, ou com uma referência mais direta a um determinado momento ou acontecimento do cinema. Há ainda os filmes que, como Vampiros Zumbis… Do Espaço! preferem homenagear todo um gênero e uma era do cinema. Aqui, o sucesso da obra depende bastante de sua capacidade de dosar a homenagem, o tom de humor e atualizar as temáticas pelas mudanças sociais acontecidas ao longo do tempo – e posso adiantar que a obra une deliciosamente os três elementos, criando um filme com toques retrôs, mas hilariamente moderno.
Começamos o filme com uma espécie de prólogo, no qual vemos a vida da família MacDowell sofrer um grande trauma. Após colocar suas filhas pequenas para dormir, os pais são surpreendidos por uma delas levantando no meio da noite para seguir a cachorra, que ela percebe estar correndo para o meio da plantação próxima à casa. Ali, eles conhecem uma das criaturas que dá nome à obra: Drácula (Craig Gloster), um vampiro zumbi vindo do espaço com o objetivo de acabar com a humanidade e conquistar o planeta Terra. Mas após matar a mãe da família, seu plano dá errado quando eles são salvos por um pequeno crucifixo no colar do pai. E se essa cena inicial não for o suficiente para criar um interesse genuíno no filme, é muito difícil que haja interesse nos outros 90 minutos que ele tem a mostrar.

O que o diretor desenvolve é uma grande homenagem ao cinema de terror dos anos 1950 que ainda faz sentido e diverte quem não tem tanto interesse ou conhecimento no período, devido o reflexo que as representações da época na cultura popular. Brincando com absolutamente todos os estereótipos de gênero, ele consegue transmitir uma nova mensagem justamente ao mostrar o quanto os tempos mudaram e atualmente muitas dessas coisas são inaceitáveis – e causam justamente o humor.
É impressionante o quanto de esforço é colocado para que a obra tenha um aspecto de filme b, mas com uma imensa qualidade para reproduzir os efeitos especiais e atuações exageradas da época. Alguns dos momentos mais especiais da obra estão nas explosões e desmembramentos, que ao mesmo tempo que são claramente toscos, também são divertidos. Ao colocar um boneco que claramente é um boneco para uma cena de efeitos especiais ao invés de simular uma realidade, ou uma cabeça oca, sem cérebro dentro, explodindo, percebemos que existe esse esforço ativo em abraçar o trash. O mesmo acontece em cenas que tiraram risadas da plateia apenas por existirem, como a clássica transformação do vampiro em morcego e as cenas de naves espaciais feitas com super zooms de entradas e conectores de computadores.
Aqui, forma e conteúdo se complementam para criar esta sátira que homenageia o cinema trash ao mesmo tempo em que cria uma nova leitura sobre ele. Claramente feito por uma equipe que sabe bem que referências utilizar, ele funciona como uma comédia bastante divertida tanto para os aficionados como eles, quanto para aqueles que apenas desejam um filme pouco convencional muito bem feito.